Quando falamos das chamadas “casas estilo da vovó”, estamos evocando muito mais do que arquitetura. Falamos de história, de afetos, de memórias brasileiras moldadas em alpendres, janelas com venezianas, telhados inclinados e muros baixos com jardins floridos. Essas casas são patrimônio simbólico e prático de uma época em que o morar tinha mais a ver com conexão humana, conforto térmico e funcionalidade do que com tendências passageiras.
Raízes históricas: uma arquitetura brasileira nascida da convivência
Durante o governo de Getúlio Vargas, especialmente nas décadas de 1930 e 1940, houve forte incentivo à valorização da identidade nacional, o que também se refletiu na arquitetura. O Estado Novo buscava uma estética que expressasse a brasilidade, promovendo um estilo arquitetônico que dialogasse com as tradições populares e as necessidades do povo. Esse movimento resultou na difusão de construções mais simples, práticas e adaptadas ao clima tropical. A casa com varanda, pé-direito alto e telhado de duas águas ganhou força como símbolo de uma classe média emergente, que buscava conforto e estabilidade sem ostentação. Essa influência se soma ao legado colonial português e à sabedoria popular, formando o que hoje chamamos de casa estilo vovó.
O estilo que hoje chamamos carinhosamente de “casa da vovó” é resultado de uma construção social e climática. No início do século XX, com a urbanização crescente e a influência da arquitetura colonial portuguesa, as casas começaram a ser erguidas pensando na ventilação natural, no sombreamento e na vida comunitária. Isso incluía varandas amplas, pés-direitos altos e janelas generosas que respeitavam o clima tropical do Brasil.
Com o passar do tempo, principalmente nas décadas de 1940 a 1970, esse estilo se consolidou em bairros residenciais do interior e das grandes cidades. As casas eram térreas ou com mezaninos simples, voltadas para o convívio e o descanso. Não era raro ver redes nas varandas, hortas no quintal e áreas de serviço ao fundo. Tudo pensado para a rotina das famílias brasileiras — e não para impressionar o mercado imobiliário.
Política, clima e memória: por que esse estilo faz tanto sentido?
Essas casas resistem porque elas funcionam. São politicamente relevantes porque representam uma arquitetura mais democrática, acessível, humana. Não foram feitas para ostentar, mas para abrigar. Não seguem o padrão importado dos condomínios de luxo ou das tendências gringas; seguem a lógica da sobrevivência afetiva e climática.
Arquitetonicamente, elas respeitam a ventilação cruzada, o uso de materiais térmicos (como telhas de cerâmica e paredes espessas) e o aproveitamento da luz natural. Elas foram pensadas para o Brasil. Isso faz delas um legado, um patrimônio não oficial, mas urgente — que atende às nossas necessidades e que carrega em cada detalhe o cuidado com o bem viver.
Características marcantes das casas estilo vovó
- Fachadas com molduras e janelas de madeira: charme e funcionalidade
- Jardins e pequenos quintais: conexão com a terra e a natureza
- Muros baixos ou com grades trabalhadas: convidativas, mas ainda seguras
- Telhados inclinados e beirais largos: proteção contra o sol e as chuvas
- Cores suaves ou vivas: expressividade sem exageros
- Interiores com móveis rústicos, azulejos antigos e muito afeto
Cada casa tem sua variação, mas todas têm em comum a sensação de abrigo verdadeiro. São casas que guardam cheiros, vozes, histórias — e isso é impagável.
Por que esse estilo tem voltado com força em 2025?
Com a valorização da memória, da sustentabilidade e da arquitetura afetiva, as casas estilo vovó ganham nova vida. Seja por meio de reformas, restaurações ou novas construções inspiradas nesse modelo, há um desejo coletivo de resgatar o que nos é familiar, emocional e funcional. Em tempos de excesso de informação e estética industrial, essas casas nos oferecem respiro, calma e acolhimento.
Meu sonho: envelhecer com minha esposa em uma casa estilo da vovó
Esse tipo de casa sempre esteve no meu imaginário. Sonho em envelhecer com minha esposa em um lar assim: cheio de vida, de luz natural, de plantas e memórias. Um lar onde cada detalhe fale sobre a gente — da fachada ao interior. Por isso, separei mais de 50 modelos de casas estilo vovó para te inspirar a também sonhar com o seu espaço do jeitinho que o Brasil pede: bonito, acolhedor, funcional e com alma.
