Olá pessoas, tudo bem? 🙂
Hoje vou falar sobre os estereótipos e preconceitos que cercam os homens negros e como o universo da moda pode contribuir na caminhada contra o racismo! Para isso dividi essa matéria em duas partes. Na primeira você vai conferir depoimentos impactantes e que deixam um alerta sobre o assunto. Já na segunda parte você vai conferir como é importante dar espaço para os homens negros na moda!
Então vamos lá! Você já observou como os homens negros são retratados nas novelas no Brasil? Já observar quantos homens negros atuam em papeis de destaque como médicos, advogados, arquitetos, jornalistas, empreendedores, ou quantos já foram protagonistas de uma novela?
Tenho certeza que você lembrou de poucos, não é mesmo? E em relação a ocupar o papel de protagonista, ou seja, o mocinho ou vilão da novela? Me arisco a dizer que você não conseguiu lembrar nem mesmo de 5 atores.
Ou seja, mesmo em um país quem que mais da metade da população (54%) é de pretos ou pardos (IBGE), a presença do homem negro ainda é apagada ou então ele ocupa um papel secundário na Tv e também em campanhas publicitárias.
E para piorar, infelizmente no Brasil o estereótipo do assaltante, criminoso, ou do “suspeito”, de um crime quase sempre cai nos ombros do um homem negro.
Tenho pensando muito nisso: Como foi construída essa imagem na mente da população de que um homem negro em lugares públicos pode representar perigo?
Porque o estereótipo do assaltante, bandido foi associado a imagem do homem negro ou porque um homem negro em um carro, tem mais chances de ser parado pela policia do que um homem branco?
E é justamente para essa questão que quero que você redobre sua atenção! Para quem não sabe, meu nome é Vanessa Bugre, sou a criadora do Blog Bugre Moda e também do perfil da Bugre no Instagram (@bugremoda). Gosto muito o estilo tomboy e sou negra. Há mais ou menos 1 ano resolvi cortar meu cabelo bem curto para deixar crescer natural, afro, crespo (vou produzir um conteúdo sobre isso nos próximos dias). Nessa levada, me aproximei e me apaixonei pelo universo dos barbeiros. Gosto de manter meu cabelo curto, mas com volume em cima e com fade nas laterais. Por essa soma: roupas no estilo Tomboy + cabelo curto, muitas pessoas me confundem com homem na rua. Confesso que não vejo problema nisso, mas por conta dessa “confusão”, passei a observar com mais atenção como os homens negros são tratados, principalmente em lugares públicos. De um ano pra cá já vi muitas senhoras me olhando torto na rua e apresando o passo ou atravessando para o outro lado. Já aconteceu de estar no ônibus à noite e um homem com um celular nas mãos me encarar por vários segundos e depois trocar de lugar rapidamente….Enfim, poderia contar várias situações em que as pessoas, mesmo não verbalizando, demonstram como elas me viam: um homem negro que representava perigo, mesmo sem eu ter feito absolutamente nada!
Mas mesmo vivendo situações em que foi vista como um “perigo ambulante”, NADA SE COMPARA ao que um homem negro enfrenta ano a pós ano em ambientes públicos ou com grande circulação de pessoas. Por isso quero aqui, no Blog Bugre Moda, dar espaço para eles, os homens negros falarem o que já enfrentaram. Acredito que seus relatos podem geram identificação e por meio desses exemplos apontar como é importante transformar radicalmente a forma como o homem negro é representado nas diferentes mídias e também como é importante ter mais representatividade no mundo da moda.
Depoimentos:
Anderson Araujo Luiz é de Miracema, uma cidade do Estado do Rio de Janeiro: “O que venho há contar aqui é umas das coisas que mais acontece com a maioria dos negros! Isso aconteceu em novembro de 2016. Era umas 7:30 da manhã, dia de semana, estava eu e um amigo indo para a academia. Estávamos de moto e eu estava guiando. Nos deparamos com uma viatura da polícia em frente uma escola. Era algo normal da rotina deles, não era nem uma blitz nem nada. Porém, quando bateram o olho em mim logo me mandaram encostar. Me revistaram, fizeram um monte de perguntas, me deixaram horas esperando, puxando fixa, até que viram que não tinha nada e não devia nada a ninguém. Alegaram que eu parecia suspeito, mandaram eu tira minha barba. Depois assim me liberaram. E como eu estava dizendo, eu estava com um amigo na garupa da mota e ele é branco e não encostaram a mão nele. Foi uma abordagem como poderia ser com qualquer, um branco ou negro, mas as conclusões que eles tiveram levaram em consideração apenas a cor da minha pele”.
Renan Matos dos Santos, tem 25 anos e da Bahia e moro em Goiânia a 7 anos, trabalha como estoquista: “Tenho em minhas memórias dois momentos que acho que nunca vou esquecer. O primeiro foi quando eu voltava do trabalho, e ao atravessar a rua o sinal abriu, porém uma senhora não notou e continuou a atravessar, eu corri até ela e a segurei pelo braço pois o ônibus já estava pertinho dela. Ela olhou pra mim espantada querendo que eu me afastasse e eu a segurei de novo porque ela ia correr pra atravessar a rua. Aí gritei pra ela “olha o ônibus!”. Foi quando ela olhou o ônibus e notou que eu só queria ajudar, na mesma hora eu parei fiz uma análise do ocorrido e notei , que o tempo todo ela estava olhando pra mim, ela correu para atravessar por medo de mim, por isto ela não tinha notado o ônibus, justamente por eu ser negro, porque a rua estava bem movimentada mais ela focou só em mim.
Outra vez saindo do trabalho novamente passei por uma loja no shopping (não vou citar nomes porque não tenho como provar o ocorrido, e é uma loja bastante conhecida) fui dois dias seguidos, um dia pra comprar uma roupa infantil, demorei muito pra escolher, e voltei no outro dia pra trocar pois tinha escolhido numeração errada, foi quando eu estava procurando outra numeração e o GERENTE da loja me abordou tocando em meu ombro falando baixinho me informando que a loja tinha câmeras. De início eu não tinha entendido e perguntei ‘o que?’. E ele respondeu: cuidado tem câmeras, está tudo gravado o que você fez, e depôs saiu. Como tinha sido a primeira vez que eu tinha passado por aquilo, fiquei mudo, paralisado por uns minutos, e depôs fui atrás dele e o questionei porque ele tinha falado aquilo pra mim. Ele falou que estava tudo gravado, eu automaticamente me alterei e subir o tom da minha voz, perguntei o que tinha gravado que eu queria ver, ele ficou nervoso e falou que não tinha falado isso, que tinha apenas falado que a loja possuía câmeras, e pediu pra mim falar baixo e eu insistir mais um pouco na discussão. Mais já estava muito nervoso a ponto de chorar e fazer besteira, deixei ele falando sozinho desce no caixa, troquei a peça que já estava na minha mão e fui embora. Para mim foi algo horrível, até hoje toda vez que entro em uma das franquias da loja lembro disso”.
- Edvan Lopes dos Santos é de Salvador, Bahia: “Passo expressar uma indignação diria minha! Amo compra roupas mais toda vez que vou a uma loja, os seguras ficam me olhando estranho e até fazendo minha “segurança” dentro da loja. Além disso, alguns funcionários são bem inconvenientes, outros não responde m minhas dúvidas em relação à loja é isso pra é racismo”.
Diante desses depoimentos alarmantes, você consegue entender porque é tão importante redefinir como o homem negro é representando nos diferentes meios de comunicação? Anderson Araujo Luiz, Renan Matos dos Santos e Edvan Lopes dos Santos são trabalhadores e em hipótese alguma poderiam ter passado por essas situações. Mas como isso acontece diariamente com vários homens negros e já existe um estereótipo, infelizmente parte da sociedade naturaliza essas situações, mesmo quando o racismo e explicito.
Sei bem que o preconceito diário, seja por conta de piadas, ou o racismo institucional tem raízes profundas e antigas. Sei que as origens desse mal são complexas e não tem apenas um motivo e sim vários! Mas é certo que a representatividade pode contribuir diariamente na desconstrução do racismo! É e sobre isso que vou tratar na segunda parte dessa matéria.
Segundo parte: Como a representatividade positiva do homem negro pode ajudar a desconstruir estereótipos?
Só para você ter um ideia, em 2012 na Universidade de Michigan, EUA, foi aplicado uma pesquisa com cerca de 400 estudantes de 7 a 12 anos, sendo eles negros e brancos, abordando uma estimativa do papel da televisão na construção da autoestima de uma criança. Os pesquisadores chegaram a triste conclusão que assistir televisão aumenta a autoestima de crianças brancas ao mesmo tempo que diminui a de crianças negras. De acordo com a pesquisa, isso é o reflexo da ausência do negro na TV e também o impacto de estereótipos negativos que cercam a comunidade negra representada nas telinhas.
Ou seja, fortalecer o estereótipo que o homem negro representa perigo, ou só pode ser representado nas diferentes mídias ocupando papeis secundários é um grande erro!
Isso também vale para o universo da moda. Tenho certeza que além da Bugre Moda, você acompanha dicas de estilo em outros perfis de moda masculina e Tomboy. Sei que você segue outros influenciadores. Se você observar as contas no Instagram dedicadas a moda masculina, você vai ver que são pouquíssimas que publicam frequentemente imagens de homens negros. Quer fazer esse teste agora? Abra o Instagram e procure um perfil de moda masculino que seja bem grande e conte quantos negros aparecem. Sei que vão ser poucos.
Como já mostrou a Universidade de Michigan sobre a importância da representatividade e também como apontou o IBGE ao dizer que quase 55% da população do Brasil é negra ou parta, fica a pergunta: Cadê a representação dos negros homens nos blogs e redes sociais sobre moda masculina?
Falando como criadora de conteúdo, confesso que é bem mais difícil achar exemplos, ensaios fotográficos em que o homem negro é o modelo. Isso também é um retrato do racismo entre algumas empresas e agencias que promovem ensaios de moda.
Mas não posso e não vou usar isso como desculpa para não publicar fotos de negros na Bugre Moda! Sempre garimpo e encontro vários homens negros estilosos, tanto modelos como influenciadores, que podem ser inspiração, mas que por falta de oportunidade por conta do racismo, não são divulgados como a mesma frequência que os homens brancos.
Tenho certeza que boa parte dos meus seguidores são homens negros, que merecem ser representados com todas as suas caracterizas, assim como é feito como o homem branco diariamente.
Você lembra do Anderson Araujo Luiz, Renan Matos dos Santos e Edvan Lopes dos Santos, lá dos depoimentos? Então, eles são prova disso! Os caras tem muito estilo e devem ser representados com honra e dignidade! Para você ter uma ideia, separei alguns fotos dos três que com certeza vão servir de inspiração para você!
- Se liga no óculos, tênis e bermuda do @rennan_matos! Show! 🙂
- Essa calça destroyed do @andersonaraujo2732! Muito bacana!
- Esse cabelo! Sem falar do tênis e essas listras! Mandou bem! @rennan_matos
Qual é a importante da representatividade do homem negro no universo da moda? Blog Bugre Moda!
- Se liga no volume desse cabelo! @andersonaraujo2732
- Edvan Lopes dos Santos também esbanja estilo! @edbarbiezinho
Achou que acabou? Não, não hahaha……Separei 5 perfis de caras que manda super bem no Instagram! Homens negros que tem estilo de sobra!! Se liga:
- @iamcaez
- @thebigfashionguy
- @justuspickett
- @notoriouslydapper
- @davidson_frere
Obs: Não quero aqui reduzir as lutas e preconceitos que as mulheres negras enfrentam diariamente. Como eu disse, sou mulher e negra. Sei bem como é! Mas nessa matéria fiz um recorte. A ideia desse texto era chamar atenção para como o homem negro é tratado e visto em ambientes públicos e como o universo da moda pode dar uma contribuição na luta contra o racismo.
Agora se liga nessa oportunidade:
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Se liga nos depoimentos de quem já adquiriu o “Curso de Barbeiro Online“: https://www.youtube.com/watch?v=15U3rxcEBBk
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Eu particularmente adorei demais essa postagem! Amo ser referência pros garotos etc.. obrigado por me representar e alguma forma.